Variação foi o que não faltou em nossa oficina referente ao TP1, que promoveu reflexões sobre as Variantes Linguísticas e suscitou discussões acirradas acerca do como usar essas variantes em sala de aula.
Começamos analisando uma composição musical – Gaiola – da banda Fantasmão, que traz uma variante urbana, bastante estigmatizada, a linguagem das bandas de pagode.
GAIOLA
Viver em liberdade
é como um pássaro livre sem gaiola
Pra que andar errado, pra que andar assustado
pra que se a solução ta em você?
Escute o que eu te digo
é palavra de irmão
quem vacila na quebrada
vai cair no gaiolão
Vai cair na gaiola
vai cair na gaiola
se os "home" apertar não vai aguentar
vai cair na gaiola
seu mundo é esse e não o de lá
vai cair na gaiola
não vá pisar na bola
Não vire a cabeça
pra esse mundo de ilusão
não seja o laranja
pra entrar no mundo cão.
Os professores discutiram que o uso de textos como esse em suas aulas, além de conseguirem despertar atenção do aluno, pela identificação que tem com a banda, ainda ajudam muito no estudo de variantes reais, fugindo da ideia de que só as músicas com variações rurais contemplam este estudo.
Mobilizamos a turma para a leitura de textos do “internetês”. Interessante observar que grande parte dos nossos professores costuma bater papo na internet, no entanto, não se sente atualizado com relação às variantes usadas neste tipo de comunicação.
As atividades em grupos foram bastante proveitosas, pois propiciaram que os professores cursistas produzissem textos e apresentassem performances que evidenciaram a variação da língua em suas diversas situações de uso.A fundamentação teórica trouxe textos de Marcos Bagno, Travaglia, Labov e Dino Pretti, que apresentaram tipos de variedades lingüísticas. Para cada tipo de variação, os grupos sugeriram atividades didáticas que podem ser desenvolvidas com os alunos em sala de aula.
O trabalho com variantes lingüísticas é uma verdadeira quebra de barreiras, pois alguns professores ainda consideram erradas as variantes estigmatizadas, e sentem dificuldade em reconhecer que há diferenças entre norma padrão e norma culta... Esses paradigmas só conseguiram deixar as discussões ainda mais interessantes e mais proveitosas.
Ainda deu tempo de mostrar as Gírias da Academia Brasileira de Letras, como
Colóquio sonolento para acalentar bovino / Deglutir o batráquio e outras... não entendeu?
Oxente, vai pra oficina do Gestar, meu rei, que lá é massa de aprender essas coisas!!!